quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Um Século de Preservação

"Quando eu tomei entendimento, todo mundo já respeitava a Serra. Não sei por que, mas em segredo todo mundo já respeitava o vão da serra".

Imagem de satélite da Serra da Cangalha
Essa frase de Alfredo Morais da Cruz, 50 anos, 10 filhos, nascido e criado junto à cratera de um meteoro intitulada de Serra da Cangalha, resume o pensamento de todos os moradores dos arredores do acidente astronômico. Segundo Álvaro Penteado Crósta, do Instituto de Geociência da UNICAMP, o meteoro caiu no local a aproximadamente 220 milhões de anos. Geograficamente a cratera é conhecida pelo nome técnico de Astroblema, assim como as crateras que podem facilmente ser vistas na superfície da Lua. 

Segundo Alfredo Morais da Cruz, esse “código” de conduta vem passando de geração em geração a mais de 100 anos. É fácil perceber a efetividade dessa herança quando caminhamos pelas proximidades da Serra da Cangalha. O lugar do impacto está praticamente intacto. Em parte pela extrema dificuldade de explorar o local, mas também pela imponência impressionante da serra frente a qualquer outro evento natural ou humano em um raio de no mínimo 100 km.

Preservar eventos como esse é fundamental, tanto do ponto de vista geológico quanto histórico. Mas quem melhor para fazer isso do que pessoas como o Sr. Alfredo? Retirar os moradores do entorno da Serra da Cangalha é deixá-la desprotegida. Isso pode ser facilmente comprovado quando damos uma simples olhada para as outras unidades de conservação do Estado do Tocantins.

Precisamos dar a Cezar ou que é de Cezar! Precisamos deixar nas mãos dessas pessoas, que há anos já vêm fazendo o seu papel, a conservação do astroblema. Não faz sentido desapropriar uma área imensa, ao redor desse evento. O que a Cangalha realmente necessita é que o Estado crie mecanismos para essas pessoas continuarem ali, onde estão, e que possam garantir a sua vida sem a necessidade de agredirem o local.

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